por Greg Candalez
No cenário internacional do eSport, o Brasil ainda é uma região de pouca expressão. Apesar do desenvolvimento de diversas ligas nacionais e internacionais (como o MSI e o Rift Rivals), de organizações eSportivas, e de novos atletas surpreendentes, temos várias desvantagens com relação às regiões já estabelecidas, e às conhecidas como wild card – um termo que veio do esporte tradicional e que designa times que se classificaram às grandes competições sem estarem em uma grande liga; é sinônimo também das novas regiões, como Turquia, América Latina, Oceania, e Sudeste Asiático.
Nossos amigos da ESPN eSport, em reportagem publicada em julho deste ano, concluíram que, até então, os times brasileiros são os que disputam a menor quantidade de partidas, junto com a Rússia. A própria Riot Games dos EUA havia apontado como o formato do CBLoL representava uma grande desvantagem para nossas equipes. Com sete semanas de duração, e oito equipes participantes, no formato round robin (em que todas as equipes se enfrentam uma vez), e em partidas Melhor de Dois, os times brasileiros disputam no máximo 14 partidas durante o CBLoL.
A título de comparação, a liga japonesa tem 10 semanas de duração e as equipes disputam até 30 partidas; na LCS NA, são 28 partidas. Estas são duas regiões super-tradicionais do esporte eletrônico, mas até mesmo outras regiões wild card disputam mais que o dobro das partidas brasileiras: no Vietnã, são até 36 partidas; na Oceania, 30. E até nossos hermanos aqui da América do Sul estavam melhores do que nós, disputando até 21 partidas.
Todo mundo sabia que o formato do CBLoL precisava mudar, a Riot Games Brasil também, e por isso eles decidiram reformular todo o Campeonato Brasileiro de League of Legends.
Como vai ficar
As novas mudanças foram anunciadas na terça (21) pela Riot Games do Brasil, e elas já estarão ativas no 1º split do CBLoL 2018, no começo do ano. Segundo a empresa, eles levaram em consideração o feedback da comunidade, das equipes, e dos atletas – além de terem analisado as estruturas de outras ligas internacionais. O objetivo, segundo a Riot, é “deixarmos de ser um fator surpresa em competições internacionais para assumirmos um papel de destaque”. Com as alterações, uma equipe brasileira que não se classificar direto para a Final poderá ser campeã disputando de 26 a 41 partidas no total, pelos meus cálculos.
As mudanças afetarão todas as fases do torneio (Fase de Pontos, Fase Eliminatória e a Série de Promoção); veja abaixo quais as principais mudanças.
Com a implantação de partidas Melhor de 3 na Fase de Grupos, daremos adeus à MD2 e aos empates. Com potencialmente uma partida a mais, e agora com o único objetivo de vencer, as equipes ganharão mais experiência de jogo, e terão uma oportunidade extra de reajustarem suas estratégias e elencos para tentarem conseguir a vitória (e os cobiçados 3 pontos); o perdedor não ganha nada.
A Escalada (conhecida como Gauntlet lá fora) é uma novidade no CBLoL na Fase Eilminatória. Entre as 8 equipes que disputam a primeira divisão CBLoL, aquela que terminar a Fase de Pontos em primeiro lugar irá direto para a Final. Os times restantes, do 2º ao 5º lugar, vão disputar a outra vaga. E eles vão se enfrentar em disputas MD5 (Melhor de 5, que exige 3 vitórias). O grande lance da Escalada é esse tipo de embate progressivo: começa com um embate entre o 4º e o 5º colocados; quem vencer enfrentará o 3º colocado e, por fim, o 2º colocado. O grande vencedor terá a segunda vaga da final.
Ou seja, além de adicionar muitas novas partidas à competição, é uma solução engenhosa para o formato de pontos corridos (que, aliás, não é lá muito querido pelos fãs de futebol). A Escalada dará chances igualitárias para as equipes com desempenho mediano na competição de se classificarem para a grande final.
Com relação à Série de Promoção, o time com a pior campanha do CBLoL, o 8º lugar ao fim da Fase de Pontos, será rebaixada diretamente para o Circuito Desafiante, e o vencedor do Desafiante sobe imediatamente ao CBLoL – exatamente como acontece hoje.
A grande novidade da Série de Promoção é também a Escalada – mas invertida. Após a Esclada da Fase Classificatória, uma equipe ganhará a segunda vaga para a final. A equipe que terminou em 3º colocado na Fase de Pontos manterá seu lugar na primeira divisão do LoL brasileiro. Mas, do 4º ao 7º lugar, a coisa vai pegar fogo, justamente porque eles terão que lutar para permanecerem no CBLoL. Funciona da seguinte maneira:
O 4º lugar enfrenta o 5º lugar em mais uma MD5; o perdedor desta vez terá de enfrentar o 6º lugar, e daí o 7º lugar. O perdedor deste último confronto terá de enfrentar o 2º colocado do Circuito Desafiante – quem vencer este último embate, que também será MD5, ganhará uma vaga no CBLoL. Ou seja, duas equipes do Desafiante podem subir ao CBLoL (e duas equipes do CBLoL podem cair para o Desafiante).
Para entender melhor as mudanças
Estas mudanças representam o primeiro passo em direção ao belo futuro do Brasil no League of Legends competitivo. Além de preparar os jogadores com mais partidas, as mudanças vão forçar uma mudança de mentalidade com relação à estratégia (nas partidas e na competição), forçando uma adaptação dos atletas e da comissão técnica já que só a vitória existirá agora. E as vagas do CBLoL acabam de se tornar ainda mais preciosas.
O 1º split do CBLoL 2018 ainda não tem data para começar (mas geralmente é em meados de janeiro).
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