O mercado de games está se reposicionando neste início de ano. A Activision Blizzard e o Machinima demitiram muitos funcionários, enquanto a EA entra na luta do Battle Royale com Apex Legends, e de cara na primeira semana angaria 25 milhões de jogadores.
O que mais me assustou nas demissões da Activision Blizzard foi a falta de estratégia para divulgar publicamente a decisão. Pensei e repensei qual o objetivo de se anunciar 800 demissões no mesmo dia em que se alardeia o maior lucro da história da companhia. Nada mais nada menos que US$ 7,5 bilhões.
A forma como tudo foi conduzido potencializou o lado ruim da notícia e fez até com que o sindicato americano Game Workers Unit pedisse a demissão do CEO Bobby Kotick, que teve sua imagem arranhada. Estranho para uma empresa low profile como a Activision Blizzard.
Segundo ele, embora em 2018 o grupo tenha alcançado o maior faturamento de sua história, o “pleno potencial” da Activision Blizzard não foi alcançado ao longo de 2018, devido a vendas abaixo do esperado para alguns títulos e um declínio no número de jogadores em seus games online.
Essa performance motivou a série de mudanças gerenciais que começou com a demissão de 10% dos funcionários. Segundo o comunicado, os demitidos são das áreas operacionais, de distribuição e do setor de eSports.
Os cortes de investimentos no cenário de eSports já haviam começado em dezembro do ano passado, quando a Blizzard anunciou o fim do cenário competitivo de Heroes of The Storm. Em um comunicado publicado em sua página oficial, a desenvolvedora dizia que “as constantes mudanças e evoluções no suporte e crescimento dos jogos” geraram uma avaliação criteriosa em torno do game, que continuará existindo, mas com um estafe reduzido.
Por outro lado, o comunicado avisa que os desenvolvedores em si continuarão por lá. Outro ponto levantado pelo CEO é que a empresa não terá lançamentos significativos em 2019, por isso não vale a pena manter tal estrutura. A única novidade divulgada até agora é o Diablo mobile.
Activision arriscando no battle royale
Em relação aos demais títulos o relatório da empresa esclarece que desempenho de grandes franquias como Call of Dutty, Overwatch e Heartstone vem desapontando os executivos, principalmente quando o assunto são as microtransações.
No relatório, a Activision comemorou o fato de Call of Duty ter sido, mais uma vez, a franquia de games mais vendida do mundo. Lançado no fim do ano passado, Call of Duty: Black Ops 4 ganhou um modo battle royale. Entretanto, disse também que os números totais do mais recente jogo, Black Ops4, são abaixo do esperado, embora tenha vendido 40% mais que Black Ops3.
A impressão que fica é que a empresa alcançou os objetivos em 2018 e agora se precavê para manter o sucesso financeiro em 2019.
Adequação do mercado global extingue Machinima
Na primeira semana de fevereiro, a AT&T anunciou o fechamento do Machinima. A primeira rede de influenciadores foi criada em 2000, na Califórnia, para dar suporte aos produtores de conteúdo do Youtube, principalmente na monetização, que era complicada naquela época.
Em 2016 foi vendido pra Warner Media, que desde junho de 2018 pertence a AT&T. Foram demitidos 81 funcionários. O que acontece é que com as novas regras Youtube hoje o influenciador pode monetizar sozinho seu canal, sem dificuldade alguma, sem precisar dividir os ganhos com uma rede.
As turbulências que vive o Youtube
O Youtube, empresa irmã do Google, não vive um momento muito bom. Além das pressões das gravadoras e outras empresas que resolveram lutar pelos direitos autorais de músicas e imagens nos vídeos dos produtores de conteúdo, a plataforma está perdendo grandes anunciantes por uma denúncia de servir como hospedagem para conversas de pedófilos.
Nesta terça, 20 de fevereiro, Disney, Nestlé e Epic Games (desenvolvedora do Fortnite) tiraram as propagandas do Youtube, depois que o blogueiro Matt Watson publicou um vídeo detalhando como pedófilos usavam comentários em vídeos infantis para trocar contatos. Eles conseguiram transformar vídeos de menininhas pulando e brincando em um espaço para discutirem suas preferências sexuais nos comentários e compartilhar links de pornografia infantil. (Como o mundo anda doente!)
O algaritmo do Youtbe então recomendava outros vídeos com conteúdo semelhante – e todos exibiam propagandas monetizadas.
O Youtube declarou à Bloomberg que tomou medidas imediatas contra a rede de pedofilia, excluindo contas e canais.
O avanço do Facebook
Por outro lado, o Facebook expande sua atuação, deixando de ser apenas uma rede social para se tornar uma plataforma de vídeos também. Isso mesmo concorrente direto do Youtube, com monetização para os produtores de conteúdo. Esse movimento começou no ano passado, quando a empresa investiu forte para angariar streamers de games em todo o mundo, concorrendo diretamente com a Twitch. No Brasil, começou com Davy Jones do canal GameplayRJ, Bruno PlayHard, Gelli Clash e Diana Zambrozuski e expandiu com Zangado, Nyvi Estephan e Fiaspo, entre outros.
Esta semana, o Facebook realizou um summit para ouvir os produtores de conteúdo de times de futebol; e convidou os streamers de games a ampliarem seu escopo. Além das lives eles agora podem postar vídeos no Facebook.
EA aposta em battle royale Apex Legends
A última cartada da batalha foi dada pela poderosa EA, ainda em fevereiro. De olho no movimento iniciado com o estouro de PUBG (PLAYERUNKNOWN’S BATTLEGROUDS), que virou sinônimo de Battle Royale, da mesma forma que League of Legends é sinônimo de MOBA, e Gillette de lâmina de barbear, a EA estreou no gênero publicando Apex Legends, da Respawn Entertainment.
Nas primeiras 8 horas o jogo contabilizou 25 milhões de jogadores no mundo; e 25 milhões em uma semana. No último dia 12 de fevereiro, começou o primeiro campeonato oficial, para streamers europeus e norte-americanos, oferecendo premiação de US$ 200 mil.
Não deu outra. O Apex Legends Twitch Rivals bateu o recorde de visualizações diárias de Fortnite na Twitch TV. O dia mais assistido de Fortnite aconteceu no lançamento da Season 5, e teve 7,2 milhões de horas assistidas.
Apex Legends conseguiu 8,4 milhões de horas assistidas. A equipe de Tyler “Ninja” Blevins!, o streamer que passou por PUBG e consagrou-se no Fortnite, sagrou-se campeã.
A EA prepara o battle royale do futuro. A visão da EA para o futuro do streaming vai além disso. O CTO da desenvolvedora, Ken Moss, citou um possível game “vivo”, que evolui constantemente e oferece novas experiências a cada vez que o jogador volta. E isso seria possível com a tecnologia que a empresa está desenvolvendo – a EA diz que tem 1 mil funcionários envolvidos no Projeto Atlas.
PUBG, o battle royale mais premiado
Depois de levar para casa o Oscar de Melhor Jogo do Ano em dezembro de 2017, mesmo antes de ter lançado a versão definitiva, PUBG, da produtora coreana Bluehole, bateu dezenas de recordes de público.
Durante o período de 8 de setembro de 2017 até 8 de setembro de 2018, o jogo alcançou uma marca histórica com picos de mais de 1 milhão de jogadores simultâneos diários na plataforma da Steam, sem contar jogadores de consoles. Assim, o game foi o único na história da plataforma Steam a alcançar 1 milhão de jogadores diários durante um ano!
O sucesso foi tanto que a edição do Steam Awards 2018 premiou PlayerUnknown’s Battlegrounds como Jogo do Ano, a principal categoria do evento. O battle royale derrotou outros grandes títulos, tais como Monster Hunter World, Hitman 2 e Assassin’s Creed Odyssey.
Em janeiro de 2018, PUBG teve pico de 3,2 milhões de jogadores simultâneos contando todas as plataformas. Há um ano, em fevereiro de 2018, comemorava 30 milhões de cópias vendidas. Sim, PUBG não é free-to-play como os concorrentes Fortnite e Apex Legends.
Fortnite, o fenômeno dos battle royale está ameaçado?
PUBG era o maior fenômeno da história dos games até que a Epic Games, empresa que desenvolve a engine Unreal (usada no desenvolvimento de PUBG), resolveu turbinar um jogo próprio, que havia lançado em 2011. Fortnite ganhou um modo battle royale e transformou-se no mais novo fenômeno de audiência.
Eu já nem me lembro mais quantos artigos escrevi sobre esse jogo. De setembro de 2017 até o fim de janeiro deste ano foi recorde atrás de recorde.
No dia 27 de novembro do ano passado, ou seja, há pouco mais de um mês, a Epic Games divulgou que Fortnite ultrapassava os 200 milhões de jogadores registrados e o pico de audiência chegou a 8,3 milhões de simultâneos.
Na mesma ocasião, os portais de game americanos noticiavam que além dos recordes da Twitch, o streamer Tyler “Ninja” Blevins! se tornava o primeiro jogador a alcançar a marca de cinco mil vitórias em Fortnite.
Atualmente, ele é o streamer mais seguido no Twitch, com mais de 13 milhões de seguidores e uma média de mais de 30 mil espectadores por semana, e no dia 12 de fevereiro sagrou-se campeão de Apex Legends.
O legendário LoL veio muito antes dos battle royale
Paralelamente à batalha dos battle royale por audiência, o battle arena LoL, segue mantendo sua consistência, e continua mantendo a primeira colocação no rank dos games mais populares de PC, dez anos depois de seu lançamento! Veja tabela no fim do artigo.
Em 2017, a sua desenvolvedora, a Riot Games, anunciou que o jogo passara a marca de 100 milhões de jogadores ativos no mundo.
Em 27 de outubro de 2019, o jogo completará 10 anos. Atualmente a Tencent, o maior conglomerado de internet da China, e uma das empresas de games mais poderosas do planeta, é a maior acionista da Riot Games, desenvolvedora de LoL. A Tencent também tem 40% da Epic Games, desenvolvedora do Fortnite.
No Brasil desde 2012, a Riot é a única empresa a organizar campeonatos oficiais com regras por aqui, o CBLoL, campeonato brasileiro de LoL. Para participar, os times têm de seguir as regras mundiais, o que ajudou muito na profissionalização do eSport no Brasil. A Riot é a empresa de games com o maior escritório no Brasil, que já chegou perto de 100 funcionários; e tem um site onde podemos encontrar a biografia de todos os pro players (jogadores profissionais) e os campeões (personagens) do jogo.
Levantamento feito pelo SporTV em janeiro de 2018, há um ano, mostrou que no Brasil temos 125 cyberatletas profissionais do game, em quase 20 organizações de eSports diferentes.
LoL lidera a lista dos games mais populares de PC
Pelo estudo de dezembro de 2018, feito pela SuperData Research, LoL manteve a liderança do ranking dos 20 jogos de PC mais populares do mundo. Os dados são do aplicativo Overwolf, que monitora o número total de jogadores ativos únicos em um determinado mês.
Além do LoL em 1º, Overwatch e Rainbow Six Siege mantiveram seus postos, respectivamente em 7º e 8º lugares. Outro jogo dos mais antigos, CS:GO subiu do 5º para o 2º lugar. Enquanto os mais novos: Fortnite caiu uma posição, ocupando o 3º lugar e PUBG, que estava então em 3º, agora caiu três posições e ficou em 6º.
TÍTULO | PUBLISHER | RANK |
League of Legends | Riot Games | 1 |
Counter-Strike: Global Offensive | Valve Corporation | 2 |
Fortnite | Epic Games | 3 |
Hearthstone | Blizzard Entertainment | 4 |
Minecraft | Mojang | 5 |
PLAYERUNKNOWN’S BATTLEGROUDS | Bluehole Studio | 6 |
Overwatch | Blizzard Entertainment | 7 |
Tom Clancy’s Rainbow Six | Ubisoft Entertainment | 8 |
World of Warcraft | Blizzard Entertainment | 9 |
GTA V | Rockstar Games | 10 |
World of Tanks | Wargaming.net | 11 |
DOTA 2 | Valve Corporation | 12 |
Garry’s Mod | Valve Corporation | 13 |
Rocket League | Psyonix | 14 |
Ring of Elysium | Tencent Games | 15 |
Call of Duty: Black Ops 4 | Activision | 16 |
Subnautica | Unknown World Ent. | 17 |
Battlefield V | Electronic Arts | 18 |
Rust | Facepunch Studios | 19 |
Arma 3 | Bohemia Interactive | 20 |
Ubisoft tira Brasil do circuito de eventos de R6
Embora Rainbow Six Siege tenha a sua maior audiência no Brasil, a Ubisoft acaba de anunciar que em 2019 o Brasil não sediará mais o Mundial do jogo. Este ano, o Major acontecerá nos Estados Unidos, enquanto as finais da Pro League irão para Milão (Itália) e Ásia (cidade ainda em definição).
Em março do ano passado, a Ubisoft revelou que a média do público brasileiro em transmissões do jogo supera a marca dos 300 mil espectadores. Na época, o jogo superava os 25 milhões de usuários no mundo, sendo 1,6 milhão de jogadores brasileiros.
Em 2017, São Paulo sediou as finais da Pro League, com a brasileira Black Dragons jogando a final diante da finlandesa ENCE. No ano passado, foi a vez do Rio de Janeiro receber o mesmo evento – com decisão entre FaZe Clan e G2. Em ambas as oportunidades, os representantes locais acabaram derrotados.
Blizzard inclui brasileiros em torneios no exterior
Já a Blizzard tem incluído os brasileiros em seus torneios oficiais, mas não organizou competições por aqui. Overwatch foi lançado em maio de 2016 e a Blizzard incluiu o Brasil na primeira Copa Mundial de Overwatch, que aconteceu na Blizzcon, nos Estados Unidos, em 4 de novembro daquele ano. O Brasil figurou entre os 16 países participantes. Participaram ainda Estados Unidos, Canadá, Brasil, China, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
Também em 2016, os brasileiros da Burning Rage (antes, Big Gods) conquistaram a Copa América de Heroes of the Storm e ganharam o direito de disputar a etapa mundial do game durante a Blizzcon.
A Promo Arena organizou o Overwatch Campeonato Brasileiro, o “Brasileirão” de Overwatch, em 17 de agosto de 2017, com oito times disputando uma premiação total de 10 mil reais. A Promo Arena não está mais em operação.
Em 2017, com menos de um ano de existência, Overwatch alcançou faturamento de US$ 1 bilhão de dólares, graças às vendas e microtransações referentes ao game.
Ao anunciar seus resultados financeiros referentes ao primeiro trimestre 2017, a empresa disse que a franquia já contava com mais de 30 milhões de jogadores.
EA exclui brasileiros do torneio de seu battle royale
O Twitch Rivals Apex Legends Challenge realizado em duas partes, nos dias 12 e 19 de fevereiro, excluiu o Brasil e a América Latina. Participaram 48 streamers da Twitch, nas regiões da América do Norte (NA) e Europa (UE), por uma premiação total de US$ 200 mil.
No caso da Valve, Publisher do CS:GO, um dos jogos mais cultuados no Brasil, nunca houve uma iniciativa por aqui. Os times profissionais de eSports BR é que têm investido para participar dos torneios oficiais lá fora. Como fez a Team oNe, campeã brasileira de LoL em 2017. O time de CS:GO passou a temporada 2018 nos Estados Unidos, disputando os campeonatos oficiais do jogo.
O que é um battle royale
O nome e o estilo de battle royale têm origem em um em um livro japonês, que foi adaptado para mangá e em 2000 virou filme “Battle Royale”.
A história é centrada em um grande grupo de estudantes japoneses, que são colocados em um programa de disciplina experimental do governo em um futuro próximo, onde todos têm a missão de caçar uns aos outros, enquanto somente um sobreviverá.
No jogo acontece o mesmo. Em Fortnite e PUBG são 100 jogadores que focam confinados em um mesmo ambiente, com armas à disposição, e somente um sairá sobrevivente. Quando alguém morre, ele não volta. É preciso começar uma partida de novo.
Por Fernanda Domingues
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